“Isso é do meu Tempo!” – Quantas vezes já não ouvimos ou dissemos esta frase? Muitas, claro. E, no entanto, ela tem o seu quê de mentiroso, pois não "morremos" e este continua a ser também o nosso tempo.
Todavia é um facto que fazemos mentalmente essa divisão. O «nosso tempo» é o tempo da nossa juventude; o tempo de todas as ilusões e sonhos, em que pensávamos que íamos mudar o mundo. Nessa altura, não podíamos fazer grande coisa, mas “aquele” era (e é) o nosso tempo. Agora, que temos o poder e a oportunidade, achamos que já não é o nosso tempo.
Isso não quer dizer que abdicamos de fazer as coisas ao nosso modo… A maneira como lidamos com os outros, a música que pomos a tocar para os outros ouvirem ou o modo como atuamos no emprego revelam bem quão agarrados estamos a um tempo passado.
Na semana passada, uma colega minha colocou uma música dos U2 para motivar os seus alunos, para uma determinada atividade letiva. Observei a não-reação dos alunos e como aquela ideia musical não lhes suscitava nenhuma das reações esperadas. Posteriormente, em conversa com alguns deles, questionei-os sobre a música e eles confirmaram-me aquilo que eu já suspeitava: os U2 dizem-me muito a mim, quase nada a eles. A aula é para eles e não para mim, por isso a professora devia ter escolhido outro tipo de motivação musical.
Mais do que cometer o clássico erro de impor o «nosso tempo» aos jovens de hoje, a geração que hoje tem 40/50 anos comete o erro de parar o tempo. Este tempo também é nosso. Não se trata somente de nos adaptarmo-nos, mas de nos metamorfosear, ou seja, de sermos um pouco como o camaleão, porque essa coisa “do nosso tempo” é parar antes de morrer e parar antes de morrer é um imoral desperdício de vida.
Gavb