VOCÊ É TUDO QUE PODERIA SER? – Patrícia Saint-Clair

Hoje, conversando com meus botões, me veio o seguinte: a vida é muito mais o que acontece dentro da gente do que o que acontece fora.

A nossa vida não é o que os outros veem de fora. Mas como nós a vemos de dentro de nós. Sempre me chamam a atenção os casos de homicídio seguido de suicídio em que pessoas que conheciam o autor dizem que nem suspeitavam do que acontecia com ele.

A dor psíquica nem sempre se vê de fora. Aliás, visto de fora, dá pra errar feio. Quantas vezes o cenário é maravilhoso, você pode estar em um lugar paradisíaco, mas visto de dentro, nada disso é sequer notado. Por isso fico vendo com certo enfado tantas frases de autoajuda tão em moda nas redes da vida, nada contra. Muitas são muito bacanas, mesmo! Mas me soam como se nossas questões, aquelas que mais nos afligem, fossem por falta de informação sobre como nos comportar ou falta de força de vontade nossa.

Será que a gente tem tanto poder assim sobre como nos comportamos? Sobre como vemos o mundo e as coisas que nos acontecem? Nosso cérebro e nossa mente parecem que têm vontade própria e não a NOSSA vontade.

Principalmente quando se tratam das questões que nos são mais difíceis. Então parece que não adianta aprender a teoria, porque quando nos vemos na situação de fato, não conseguimos aplicá-la. Você já sentiu isso? Quantas vezes o discurso é perfeito, mas a reação é outra. Por quê? Porque tudo o que nos acontece, depende do nosso olhar, da nossa lente. De como nos acostumamos a enxergar o mundo. As situações que vivemos na primeira infância, principalmente, e também ao longo da maturação do nosso sistema nervoso central, de como nosso cérebro foi se configurando, moldam esse nosso olhar. As situações boas e ruins que nos aconteceram ficam impregnadas na nossa lente. Na forma subjetiva como vemos e vivenciamos o mundo. E o temperamento com o qual a gente nasce também influencia a nossa forma de reagir ao que nos acontece, desde sempre, desde que nascemos. E o que a gente traz de gerações anteriores à nossa? Aquela cultura familiar, as crenças que nos são passadas, até de forma subliminar . Fora outras formas de transmissão transgeracional, hoje estudadas, até pelo DNA.

É uma soma de fatores que intriga até hoje a ciência, mas que, sem dúvida, nos constituem.

Não que a gente não tenha nenhum poder sobre isso, absolutamente. Mas conhecer de que somos feitos, o que nos constitui e o que nos limita, é fundamental. E a partir daí, sim, fazer as escolhas possíveis. Pensar o que você realmente quer na sua vida. O que você realmente gostaria de ser e tudo o que você poderia ser. Ou pelo menos, não andar a esmo, mas andar nessa direção. Porque enquanto estamos vivendo estamos fazendo essas duas coisas sem parar, buscando o querer e o ser. Nunca termina. E a terapia é uma das formas de resolver essa equação. Sempre repito que foi um dos melhores investimentos que fiz na vida. Por isso, recomendo.

Patrícia Saint-Clair - Psicóloga clínica com especialização em Análise Reichiana, EMDR e Neuropsicologia.
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