INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, SABEDORIA


Informação há muita, o conhecimento é pouco e a sabedoria uma raridade. Esta é a sensação com que fico muitas vezes quando ligo a televisão, ouço a rádio, leio jornais ou converso com algumas pessoas.

A informação circula com facilidade e velocidade inusitadas e dá-nos a falsa sensação de conhecimento. Muita da informação que existe é falsa ou imprecisa ou incompleta. Comemo-la com sofreguidão, em diagonal, sem o cuidado de verificarmos a sua consistência. 

Como ocupamos demasiado tempo na inútil tarefa de absorvemos o máximo de informação, não dedicamos o tempo suficiente ao conhecimento e, por isso, deixamos de ter capacidade de «perceber» aquilo que nos põem à frente do ecrã. Falta-nos estudo, tempo, reflexão para adquirir os conhecimentos necessários, em determinadas áreas, para poder entender a muito informação, que nos chega de todo o lado. Falta-nos conhecimento até para rejeitar aquela informação que é apenas embuste uma mão cheia de nada.
O acesso à informação é muito fácil, mas o conhecimento exige esforço, por isso é que há muita informação mas parco conhecimento. Também por isso muitas discussões se tornam estéreis ou até absurdas, pois os seus intervenientes não sabem do que falam e limitam-se a debitar opiniões alheias.

A sabedoria é um estádio superior ao conhecimento. Só o atinge quem sabe o que fazer com a muita informação e qualificado conhecimento que dispõe. Diria que o primeiro ato sábio está em saber selecionar corretamente a informação, sem constrangimentos de nenhuma espécie. Também revela sabedoria aquele que resolve aprofundar e atualizar os seus conhecimentos, mas a fase mais difícil é saber conjugar boa informação com riqueza de conhecimentos e tirar conclusões certeiras, aplicando-as à vida.


Aprender a refletir. Eis um desafio que a sociedade da informação em bruto nos coloca. Precisamos de tempo e paciência. Ora, tempo e paciência parecem dois conceitos tão démodé… tal como a sabedoria.
Gabriel Vilas Boas