NACIONALIZAR O NOVO BANCO SERÁ UM ERRO COLOSSAL


O PCP vive o sonho de nacionalizar o banco dos Espírito Santo, numa espécie de vingança do proletariado; o Bloco de Esquerda, pela voz de Mariana Mortágua, acha que já que enterrámos 7 mil milhões de euros no Novo Banco devemos mandar nele; o PS está-se a deixar convencer da benignidade da nacionalização do Novo Banco. Espero que António Costa aproveite estes dias na Índia para refletir sobre a enorme armadilha que os amigos da geringonça lhe preparam em Lisboa.

Se há coisa que Pedro Passos Coelho fez bem foi recusar-se a nacionalizar o BES, pois antevia (e bem) que ali estava um cancro mais nefasto que o BPN. Passados quase três anos da divisão entre banco bom e banco mau e de um investimento de sete mil milhões de euros do Estado Português num banco supostamente bom, ninguém fez uma proposta de compra séria pelo Novo Banco. Esta é a realidade. Por mais volta que demos, as contas do Novo Banco ainda não são de confiança, ou seja, os saldos contabilísticos estão empolados e quem comprar o Novo Banco vai ter de continuar a investir dinheiro sem nenhuma garantia de o recuperar.

Nos últimos dez anos, quase todos os bancos privados em Portugal afundaram, devido à má gestão, à corrupção, à concessão de empréstimos sem garantias reais aos amigos do poder político, à crise financeira mundial. Quando o governo português tentou recuperar um banco com pequena/média expressão (BPN) perdeu rios de dinheiro e teve de ir busca-lo aos salários dos portugueses. A CGD (Caixa Geral de Depósitos) não recuperou banco nenhum e teve de dá-lo, por imposição da União Europeia. O dinheiro entretanto colocado no BNP nacionalizado foi todo perdido. Como o Banif foi igual.
Com o BES, se a nacionalização avançar, vamos enterrar ainda mais as finanças do país. Aos sete mil milhões de euros investidos, será necessário acrescentar muitos milhões de euros. Em pouco tempo chegaremos aos dez mil milhões. Ora, se ainda não fechamos o processo de recapitalização da CGD, como podemos lançarmo-nos em tamanha desventura? Não podemos! Jerónimo de Sousa que se deixe de ajustes de contas fora de tempo e lembre o essencial do seu discurso: “Para os banqueiros há sempre dinheiro! Só para os trabalhadores é que se regateia ao cêntimo!”
Portugal nunca recuperou um banco tecnicamente falido. Um só que fosse! Dar o Novo Banco a alguém que o queira como ele está será um ótimo negócio para o país.
A pergunta que deve ser feita a Jerónimo, Mariana ou António Costa é a seguinte: “Se tivessem dinheiro suficiente, ficavam com o Novo Banco e tentavam recuperá-lo?”. Eles iam gaguejar, mas ninguém arriscaria a sua suposta fortuna. Então, não brinquem novamente com o nosso dinheiro que ele custa muito a ganhar.

Gabriel Vilas Boas