Embora pertençam a lados bem distintos, estas duas atitudes emparceiram muitas vezes. Quando se é corajoso, não há chantagista que se atreva; caso contrário, o caminho vai estar repleto de pedras. Quanto mais hesitares, mais violenta se torna a chantagem e nada ganharás em lhe ceder. Amanhã haverá outra condição, depois outra… os termos do acordo estarão sempre a mudar.
Quem não é muito decidido pensa sempre que a culpa é sua; que as exigências até são razoáveis. Muitas vezes não são! O problema é que aquele que é aparentemente pouco determinado sente-se sempre em falta; pensa que o problema é sempre seu.
O mais engraçado é que um chantagista não costuma ser um tipo muito corajoso, mas fareja muito bem a falta de coragem do outro. Enquanto põe a tónica na atitude do outro, não tem de se confrontar com as suas fraquezas.
Toda a chantagem tem um ponto fraco: a não cedência do outro. A falta de coragem também traz dissabores enormes: grandes oportunidades escapam-se mesmo à frente dos nossos olhos. No entanto, é bom ter presente que as grandes oportunidades não nascem de chantagens.
Não ceder ao “aqui e agora”, ao “ou é à minha maneira ou não é” é um ato de enorme coragem. Muitas vezes começa-se por perder muito, por sofrer imenso, vive-se muitos dias com a dúvida “e se eu tivesse cedido, não estava melhor?”. Não, não estava.
Se o negócio fosse realmente interessante para os dois, ele poderia ter esperado mais uns dias; se tu fosses realmente importante não te exigiam, mas ajudavam-te a decidir favoravelmente.
A chantagem é um enorme desafio para quem não gosta de cortar a direito e fazer cortes abruptos, mas, por vezes, é o click involuntário que liberta a coragem que muitos julgavam não ter.
GAVB