Quando uma relação (amizade, amor, familiar…) termina, muitas vezes, não percebemos como tal foi possível, mas há quase sempre razões para o infortúnio. É bem mais fácil culpar o outro do que perceber o que fizemos de errado.
Há uns meses, ouvi uma psicóloga fazer uma curiosa analogia com uma comédia romântica do início do século (“Como perder um homem em dez dias”, onde brilhou Kate Hudson), para indicar alguns comportamentos que arruínam uma relação… silenciosamente.
O primeiro passo em falso é ter expectativas irrealistas sobre o outro. O outro é como é (tal como nós). Pode mudar, mas não é expectável que mude substancialmente. Afinal de contas, apaixonámo-nos por ele (a) tal como era, portanto achará sempre muito estranho que o(a) queiramos moldar aos nossos desejos e ambições.
Outro erro crasso que conduz à ruína emocional é “criticar muito, elogiar pouco”. Por muita capacidade de encaixe que tenha, há um momento em que o copo não aguenta mais críticas e azedumes e transborda.
Se substituirmos a crítica pelo silêncio, a relação também se degrada. Cultivar silêncios acusatórios e ressentidos é um veneno letal para qualquer relacionamento. Muitos casais preferem o silencio à dor das palavras, que uma conversa pode trazer, mas não suavizam dor nenhuma, antes instalam o vazio que acabará por consumir a relação.
Ainda que seja um clássico, não saiu de moda: o ciúme descontrolado. Uns apontamentos de ciúme aqui e ali até podem ter alguma graça e fazer bem ao ego, mas rapidamente se tornam desgastantes, inconvenientes e tontos. O ciúme é mais um “downgrade” para a relação.
Outro empecilho é a chegada da sogra, que é como quem diz “a família do outro”. Permitir que dêem palpites, que tomem partido, que influenciem decisões é mais um degrau que se desce a caminho do fim.
Difícil é também abordar os problemas na intimidade, mas esta parte é uma questão incontornável de qualquer relação. Não é possível passar à frente e fugir da conversa. Ser capaz de falar sobre os problemas da sua intimidade é uma prova de maturidade que o casal dá.
O fim da escada fica a um passo quando 1+1 deixa de ser igual a dois. Começa a conversa do “ele(a) já não me acrescenta nada”, esquecendo que também nós deixamos de investir.
As relações não acabam “porque sim” ou porque chegou algo de mais interessante para fazer na vida. Até no reino do subjetivo e das emoções, há dados/razões objetivas que ajudam a perceber o fim.
Gabriel Vilas Boas