O PINTOR ANTÓNIO SAMPAIO (III)

Deixou uma vasta obra, um trajecto regular e contínuo dos anos 40 aos anos 90 do séc. XX. Durante o seu percurso António Sampaio explorou as potencialidades artísticas da cerâmica, tendo, por exemplo, executado painéis cerâmicos para uma fábrica (1964) e para um hotel Praia Golfe em Espinho (1972), produziu cartões para tapeçarias executadas na "Manufactura de Tapeçarias Muro", aprofundou a pintura a fresco, realizando frescos para o cinema Batalha. Fundou o “ Atelier Livre” na Rua Formosa, organizou actividades culturais do Carnaval para o Clube Nacional de Montanhismo (1957), ajudou a criar o efémero grupo "Ceramistas Modernos" (1961) e associou-se ao Instituto de Apoio à Criança nos anos 90.


                           S/ Título, estudo para painel cerâmico, 1964,óleo s/tela; 82x80.5cm


 “S/ Título” 1971_tapecaria; 146x317cm

 O Tempo e o Espaço, 1987, óleo s/tela; 79x99.5cm

António Sampaio teve muitas moradas. Depois do casamento trocou Vila Nova de Gaia pela Quinta do Mirante, em Águas Santas, Maia, propriedade dos seus sogros. Entre 1950 e 1952 alugou casa em Ofir, onde passou várias temporadas. Dois anos depois transferiu-se para Viana do Alentejo. Em 1955 voltou ao Porto e, em 1961, começa a construir a "Casa do Rio", casa-atelier, em Gondomar, riscada por Fernando Tudela e para a qual se mudou em 1963. Mais tarde, em 1978, adquiriu uma quinta em Gouvim, Gondarém, nas proximidades de Vila Nova de Cerveira, que começou a restaurar em 1979, numa altura em que residia simultaneamente em Gondomar e Afife, tendo-se fixado nos anos oitenta na Casa de Gouvim.

Fotografia do pintor na Casa do Rio, em frente ao rio Douro nos anos 80
Fotografia do pintor no atelier da Casa de Gouvim em 1992















Em todos os locais onde estudou, trabalhou e habitou, ao longo da sua vida, rodeou-se sempre de amigos, como os pintores Dominguez Alvarez e Carlos Carneiro, o escultor Arlindo Rocha, os poetas Pedro Homem de Melo, Teixeira de Pascoaes, Sebastião da Gama, Júlio/Saúl Dias e António Porto-Além, o mestre ceramista Lagarto, entre outros.

O Pintor foi também um curioso viajante, sempre acompanhado do seu bloco para onde traspunha a poesia das coisas apreendidas. Talvez se possa disser que a sua obra mantém uma identidade ao longo das diferentes fases do seu percurso pictórico, que advêm não só de uma paleta muito própria e limpa e da sua técnica de execução como da mensagem poética que os seus quadros transmitem.

                           Praia, 1993,óleo s/tela 80x100cm

“Pintura” 1972_óleo s/platex 100x70cm

 António Sampaio morreu na sua Casa de Gouvim, a 27 de Março de 1994.

No ano de 2016 várias entidades promoveram exposições comemorativas do centenário do nascimento do pintor António Sampaio. Na Fundação da Bienal de Cerveira esteve patente a exposição “100 anos do nascimento do pintor António Sampaio: António Sampaio e a pintura poética”; No Museu do Vinho do Porto realizou-se a exposição “António Sampaio: do Douro ao Mar”; A Câmara de Gondomar abriu na sala de exposições do Auditório Municipal de Gondomar, a mostra “António Sampaio: Lugares de Atelier”.



Nota: Pode consultar a lista de Prémios, Homenagens, Exposições e Colecções do pintor António Sampaio em:

Maria Antónia Beyer Sampaio