No último Verão, quando regressava de férias, passei por Évora, onde vi dos mais belos presépios. Uma coleção extensa, magnífica e muito diversificada. Havia presépios de todo o mundo; em cada um espelhava-se um pouco da cultura do povo e o modo como viam o nascimento de Cristo.
Hoje dei comigo a pensar Como seria o «meu» presépio, se fosse eu a construí-lo? Teria de ser um presépio que fosse além das figuras, da recriação pura e simples da cena do Nascimento de Cristo: um presépio imaterial, que durasse para sempre e me iluminasse.
A figura central seria o Amor. Sem ele ninguém vive; sem ele todas as lutas, canseiras, caminhadas ou metas perdem força.
Depois escolheria a Bondade. Tem a cara de uma mãe perfeita, envolvendo cada ação com afeto, sabedoria e justiça.
Completaria o trio primordial com a Alegria. Acho-a uma espécie de dínamo da vida. A alegria tem uma capacidade transformadora e aglutinadora fora do comum. Pode parecer algo mais leve ou de somenos importância, quando comparada com o Amor ou a Bondade, mas parece-me imprescindível à Felicidade.
Substituiria os Reis Magos e as suas valiosas ofertas pela Sabedoria, a Resiliência e a Coragem. É possível que esteja a ser um pouco ambicioso, mas de ofertas régias só se pode esperar o melhor. Atingir objetivos tão elevados como o Amor, a Bondade ou Alegria torna-se mais fácil quando dispomos de Sabedoria, Coragem e Resiliência.
Apetrecharia ainda o meu presépio de outras “figuras”, aparentemente menores, mas igualmente importantes: humildade, integridade, companheirismo, sentido de humor, desapego. Seriam como pequenas estrelas que me guiariam silenciosamente ao centro do meu presépio.
Não referi nenhuma estrela-guia, porque não há melhor guia de qualquer vida que o Amor. Não é porque acaso que Cristo fundou a sua religião com base nele e é através dele que nos exprimimos melhor.
Gabriel Vilas Boas